CORE

Ontem eu literalmente perdi a compostura e resolvi criar uma guerra contra o CORE - Conselho dos Representantes Comercias, por diversos motivos sendo que, o que me levou a escrever, foi o do valor da contribuição obrigatória, que conforme o valor pago em janeiro de 2005, teve o estupendo aumento de 9,72% enquanto o IGP-M de 2005 foi de menos de 2%, ou seja, um abuso contra a já sofrida categoria dos representantes comerciais.

No mesmo momento do recebimento da guia de pagamento da anuidade de 2006, fiz uma carta e a enviei através do e-mail, mas eles estão em férias coletivas e quem sabe irão responder.

Com este texto eu estou convocando todos os representantes comerciais a tomarem uma posição contra este órgão, que para mim nada tem de valor que some ou acrescente na minha profissão. Aqui no Rio Grande do Sul, o CORE estava com intervenção devido a irregularidades (alguém sabe quais?), desde o primeiro trimestre de 2002 e levaram mais de 2 anos para identificar e sanar, tendo um interventor de outro estado e as custas das nossas contribuições obrigatórias. Agora, na guia, consta que temos um novo CORE, que criara novas delegacias no interior, com cursos (?) de formação profissional, de aperfeiçoamento e atualização na metodologia de vendas, mas fica outra duvida: o CORE é escola ou um órgão fiscalizador e arrecadador?

Não entendo mais nada, porque a função do CORE é a de regulamentar a profissão de representante comercial, exigindo destes profissionais o registro como tal e, concomitantemente, cobrando das empresas que os contratam, a exigência deste registro e dos pagamentos das anuidades, mas isto NÃO ACONTECE meus amigos, porque canso de ver vendedores e representantes comerciais atuando em empresas que comercializam produtos sem o devido registro, mas o CORE está preocupado em treinamento?

Por favor deixe os treinamentos e a capacitação para as empresas do ramo e façam o que realmente deve ser feito:

- fiscalizar as empresas que contratam vendedores e representantes sem o registro;

- fiscalizar o que as empresas fazem com os representantes no que tange aos descontos em comissão de duplicatas pagas enquanto não existe mais a cláusula de del credere há muito tempo;

- fiscalizar as empresas que não pagam em dia as comissões sobre as vendas quando os pedidos não são atendidos e não são informados como determina as leis que regem a categoria;

- fiscalizar as empresas que não pagam as comissões sobre as vendas, cujos pagamentos das duplicatas foram feitos através de advogado e/ou cobrança judicial; mesmo que tenha atraso no pagamento, o mesmo ocorreu e se faz jus ao recebimento das comissões, uma vez que foi gasto quantias, teve visitas e foi feita uma venda;

- fiscalizar os vendedores e os representantes que não se registram como tal e ao fazerem isto, vai aumentar em muito a arrecadação e, baixar o valor imposto.

Poderia ficar enumerando diversos itens que considero da alçada do CORE, mas ter a preocupação em criar cursos de vendas e de capacitação é um tema acessório e que, após uma intervenção caríssima (ou o interventor fez de graça?), deveria ficar delegado a planos futuros e com a participação de todos os registrados.

Queremos:

- um CORE atuante que nos proteja das injustiças que sofremos com as empresas que representamos;

- que consiga a isenção dos impostos (IPI e ICMS) para a aquisição da nossa ferramenta de trabalho: veículo, como os taxistas têm há anos e o quê eles tem de diferente de nós? Prestam um serviço como nos prestamos. Aliás, tem lei em aprovação que determinará a isenção destes impostos aos oficiais de justiça, que alem de receberem para as diligências de intimação das partes, terão a regalia de comprar, a cada dois anos, um carro novo e nós, nada!

- que consiga o enquadramento no simples ao invés de pagarmos esta barbaridade de impostos, que comprometem, junto com o IAPAS, mais de 25% da comissão bruta recebida (eu mesmo pago R$ 900,00 a título de IAPAS, para ter uma aposentadoria mínima, com um atendimento precário na parte da saúde, mais a UNIMED, que somados, resultam R$ 2.000,00; tenho de pagar UNIMED porque o governo, que me cobra, nada faz);

- que cobre um valor menor, porque quando preciso de novos representantes, eles desistem; além do valor alto anual, tem o do registro e agora, criaram a bi-tributação, ou seja, tanto o sócio como a empresa tem que pagar o CORE, enquanto um sem o outro não existe a atividade. Isto é abuso, ou seja, querem arrecadar mais.

Não consigo entender como querem matar a galinha dos ovos de ouro, enquanto deveriam se utilizar parte dos ovos de ouro. Imaginem se TODOS os representantes parassem de pagar o CORE, o que haveria:

- milhares de ação de cobrança, mas antes, o CORE quebraria, porque não teria dinheiro para o pagamento dos seus dirigentes e dos funcionários, porque o governo federal, que embolsa parte do valor que pagamos, não colocaria dinheiro nos conselhos de todos os estados. E aí inventariam novo conselho, porque o que mais se vê na atual administração pública é a criação de novas secretarias, agências e ministérios, com milhares de CCs (cargo em confiança).

Urge que todos os representantes se unam e reclamem, proliferando por todos os cantos a insatisfação sobre o alto valor exigido, pela dupla cobrança que foi criada a partir de 2002, da real atividade que o CORE deveria ter perante as empresas e os que atuam sem o registro, do nosso enquadramento junto ao SIMPLES, da isenção dos impostos para a aquisição da nossa ferramenta mor e não, como aqui no Rio Grande do Sul, de criar cursos...

Primeiro agir como CORE e de pois sim, como conseqüência, estender benefícios a esta classe, que dia-a-dia vê seus ganhos diminuir, recebendo de presente, o aumento dos impostos, os combustíveis sempre em alta, as estradas esburacadas, a ganância dos pedágios, a elevada tributação federal e municipal (ISSQN), entre outros.

Eu não preciso que alguém me diga como vender, mas sim que alguém fiscalize como eu vendo e como recebo (empresas). Treinamento eu faço junto aquelas empresas que adotam o sistema KAIRYO (melhorias contínuas com gastos), com o meu próprio investimento junto às centenas de empresa que treinam, capacitam, motivam que existem nos quatro campos do Brasil.

Quero, não, exijo, um CORE que faca a sua parte e que não seja arrecadador sem fiscalizar o que realmente acontece.

Vamos todos, unidos, reclamar, enviando milhares de e-mails aos CORES do Brasil, cobrando uma posição. Se não adiantar, todos devemos deixar de pagar a anuidade e aí sim, seremos ouvidos, atendidos, porque morrendo a galinha dos ovos de ouro, morre o ganho de muitos, que mesmo sendo representantes comerciais (diretoria), ao terem o poder, nada fazem de concreto a classe.

Quero vender e receber, uma comissão digna, que possa pagar as despesas que eu tenho para a venda, com sobra para o sustento da minha família e para poder manter e renovar minhas ferramentas de trabalho.

O Brasil pára se não tiver mais vendedores e representantes. Não agüento mais greve de funcionários públicos, principalmente em serviços essenciais, que atrapalham o desenvolvimento do Brasil. Se eles podem fazer, imagine o que aconteceria, em cadeia, se TODOS os vendedores e representantes parassem de vender, mas TODOS?

Eu queria ver a cara do fiscal da receita, que em greve, não libera os contêineres com os produtos que preciso vender entrar numa padaria e, como o padeiro não pode comprar, ele daria meia volta sem levar o seu leite e o seu pão !!! E poderia ficar enumerando diversas classes que, quando resolvem fazer greve (mesmo que justa), prejudicam a nós, os representantes comerciais. Também, como ficariam as indústrias e as empresas sem ter sua força de venda?

Bem, poderia ficar escrevendo mais, mas dei o primeiro passo. Agora cabe a você vendedor e representante comercial fazer a sua.

Oscar Schild, vendedor, gerente de vendas e escritor.