Projeto Peixe Vivo

O Projeto Peixe Vivo iniciou suas atividades em 1997 com o objetivo de salvar diversas espécies de peixes e botos que ficam ameaçados de morrer presos nos canais, lagos e riachos que secam no período de estiagem, especialmente entre os meses de agosto e outubro.

O Projeto Peixe Vivo conta com a participação de fiscais do NATURATINS e policiais da CIPAMA (Companhia Independente da Polícia Militar Ambiental) que realizam o resgate de centenas de peixes adultos e jovens que estavam fadados à morte pela falta de água nesses locais.

Os resgates de peixes e botos acontecem nos municípios de entorno da Ilha do Bananal (Formoso do Araguaia, Sandolândia, Figueirópolis, Lagoa da Confusão, Dueré, Caseara, Araguacema etc.).

Esses resgates são realizados com redes malhadeiras, puçás e até mesmo com as próprias mãos. Após isso, os peixes e botos são transportados em um caminhão que possui três tanques abastecidos com água oxigenada, para serem levados aos rios e grandes lagoas da região.

Muitas pessoas quando assistem alguma reportagem apresentando as ações de salvamento do Projeto Peixe Vivo, se emocionam e não é raro pedirem para participar desse trabalho.

Não há dúvida que estar em contato com a natureza, especialmente em atividades como essa é algo que fascina a todos, mas poucas pessoas têm noção dos riscos que há no salvamento de peixes e botos.

Em junho de 2002, como de rotina, estava acontecendo uma operação de fiscalização no município de Lagoa da Confusão quando as equipes dos órgãos ambientais (NATURATINS e CIPAMA) foram informadas sobre um cardume de piroscas (Arapaima gigas) que estavam presos num canal, e caso não fossem resgatados poderiam ser pegos por pescadores ilegais ou então acabariam morrendo com a chegada da seca. Nisso, a equipe saiu para resgatar os piroscas, sem imaginar no acontecimento triste que naquele dia iria acontecer. Enquanto passavam a rede para recolher os peixes, um jacaré-açu (Melanosuchus niger) mordeu um Sargento da CIPAMA (Sg. Fontoura), que estava trajando apenas um short e uma camiseta. Felizmente, ele foi rapidamente socorrido e, hoje, só restam as cicatrizes dos cerca de 35 pontos cirúrgicos que ele levou na coxa esquerda.

Depois disso, todos viram que o salvamento de peixes e botos precisava ser feito com mais cuidado. Desde então, todas as pessoas envolvidas passaram a usar botas de borracha de cano longo, calças de plástico reforçado e luvas grossas, por que, antes de mais nada, esse Projeto visa salvar vidas de peixes e botos, mas sem colocar a vida de pessoas em risco.

É importante ressaltar que cerca de três anos após isso, o Projeto Peixe Vivo teve suas atividades paralisadas, só retornando em 2007, quando o atual Coordenador de Fiscalização do NATURATINS, Natal César Alves de Castro assumiu sua direção.

Em quatro operações realizadas pelo órgão, entre agosto e outubro de 2007, foram resgatados 3728 peixes, de mais de 20 espécies, dentre elas: tucunaré, pirosca, cará, piau, traíra, pacu, piranha, cari, cará-pirosca, corró, lampreia e 03 botos.

A continuidade do Projeto Peixe Vivo é fundamental, pois o salvamento desses animais serve para completar as ações de fiscalização e educação ambiental.

Além disso, segundo diversos especialistas esse trabalho é muitas vezes mais compensador do que a tentativa de repovoar os rios com a simples soltura de alevinos.

Diante disso, torcemos enormemente para que o Projeto Peixe Vivo continue suas ações, alcançando cada vez maiores e melhores resultados.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Publicado no Jornal Chico, edição n. 45, p. 07, de 03/10/2008. Gurupi – Estado do Tocantins.

Giovanni Salera Júnior

E-mail: salerajunior@yahoo.com.br

Curriculum Vitae: http://lattes.cnpq.br/9410800331827187

Maiores informações em: http://recantodasletras.com.br/autores/salerajunior

Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 01/07/2008
Reeditado em 10/12/2011
Código do texto: T1059494
Classificação de conteúdo: seguro