Euzinha e a contemplação universal

Uma progressão delirante! De tamanhos, de potências, meu Deus!, que vertigem!

Fica uma reflexão: seria adequado dizer - um tanto fenomenologicamente, convenhamos, que um piolinho como eu, assim tão pequenininha, é plenamente capaz de avaliar, contemplar, mensurar grandezas como a do Sol?, esse astro Rei que desde os núbios, antes mesmo dos egípcios, fazia concurso, em meio a seus pares celestiais, para reinar sobre a Humanidade? Incrível!!!

Piolinhos como nós, por uma coincidência não perfeitamente ou exatamente conceituável, assim tão capazes de contemplar o céu para além do sistema solar e Universo afora.

Isso digo e minha memória abre um cenário estonteante: aquele do céu do Equador... Ah!, eu sortuda e nascida no grau 14 ao sul do Equador - seríamos nós, meus conterrâneos e eu, os privilegiados e eleitos para sermos os seres mais libertos do deterninismo cíclico zodiacal, astrológico? Enfim ... O perigo é que os equatorianos poderiam se convencer de sua eleição equivocadamente associada a mais privilégios que responsabilidades e gratidão ao Eleitor e, então, passar rapidamente ao delírio a exemplo dos judeus ou dos arianos, enfim, esses delirantes humanos que rastejam ao longo da História.

Em meios aos delírios, todos parecem jamais abandonar os sonhos de libertação... sonhos humanos, misteriosos e imprevisíveis. A ponto de construir satélites - piolinhos metidos... - que registram imagens de outros "spots" infindamente variados e estranhos àquele onde

fisicamente estamos!, não é demais? Onde objetivamente e

geograficamente localizáveis nascemos? Nem precisa de GPS, enfim...

Atenção, quem me pode responder?: se a ciência (e aqui se inclua a filosofia, máe, bisavó, avó, sei lá, da ciência) é fundada em observação, o que a transcende não seria revelação?

Um dia abracei uma arruda que já estava a dar sementes. Estava muito verde devido, eu observo e deduzo, à lua cheia. E eu lhe disse: temos o mesmo destino, minha amada, a morte nos espera e deixamos ambas sementes. Apenas o tempo de morte nos diferencia. Tu, é mais provável, mas não comprovado, irás primeiro que eu (um imprevisto pode me levar primeiro, isto o que eu coloco para o pessoal do "viver de luz" e sua pretensão de vida física eterna - frágil a paz e o viver dos seres todos). Assim poderia eu dizer ao Sol, que é também mortal. Apenas irá mais tarde que eu - isto já não é provável, é fato. Mas tanto o Sol, em sua imensidão, quanto eu, em minha micro-conformação, vamos morrer um dia. Resta saber se o imponente Sol alguma vez sonhou, como os meus ancestrais, com uma visão "outsider" do sistema solar e teve, com eu tenho, a benção de poder contemplar as fotos dos satélites atuais, que flagram os movimentos impactantes dos astros assim como meus olhos percebem, quando silencio e me concentro, os movimentos das flores e seu perfume?

Será isto constatação científica, resultado de observações empírícas ou revelação divina? Em todo caso é poesia. E eu envio ao Universo, embevecida, beijos plenos de plenilúnio, portanto, fotossintéticos...