SE É DO GOSTO...REGALO DA VIDA!
Dia desses me vi numa roda de amigos, na qual figurava uma discussão: A sinceridade ou a franqueza, teriam limites?
Alguns eram radiacais. Diziam que não abriam mão da sinceridade em hipótese alguma.
Tal assunto me fez lembrar de uma querida amiga, cujos filhos já estão na casa dos vinte e alguns anos.
Dizia-me ela, que sempre odiou a mentira, que orientava as filhas, a nunca faltarem com a verdade, porém certa vez deu um "puxãozinho de orelha" numa delas, por a menina ter emitido uma opinião sincera que a colocou em "saia justa" num evento social.
-Mãe, aquela mulher é tão esquisita...
-Fica quieta menina, isso não se fala!
-Mas mãe, você falou que sempre tinha que ser franco...nunca mentir, mãe.
Ao que ela explicou:
-Meninas, depois lá em casa eu ensino de novo, é que tem "umas mentirinhas" que são necessárias, filhas...
-Como assim, mãe?
Nunca me esqueci daquela passagem contada por ela. Achei o evento didático!
E ainda outro dia, um amigo me contava que tinha arrumado uma baita duma confusão com a sogra, e estava muito chateado.
Antes dum casamento ele se negou a sair com o "penteado' da sogra.
-E aí, estou bem?
-Desculpa, mas a senhora vai assim, com esse cabelo?
-Como? Claro que vou! Meu cabeleireiro é de ponta e "esse cabelo" é a última moda... paguei uma nota por ele!
-Ah não, até pode ser a "última moda", mas não para a senhora!
Com esse seu cabelo eu não saio!
E me contou que a sogra chorou, borrou a maquiagem, uma confusão...
E aí, desabafou comigo:
-E agora, como conserto isso?
Então, me lembrei daquela minha amiga, e lhe ensinei que existem algumas mentirinhas necessárias.Acho que ele não tinha assistido às tais aulas!
-Mas aquele cabelo tipo "gatinhas" estava horrível, poxa!
Mas enfim, acho que todos nos deparamos com tais situações.
Franqueza, honestidade, verdade, sim, claro, são virtudes do caráter, mas sou da opinião que antes de mais nada deve haver sensibilidade.
Gosto é variável e relativo...e o que "é do gosto, regalo da vida"!
Se for para ser franco tipo "desmancha prazeres" e estragar o dia do outro...ou a vida do outro, então deverão entrar em ação aquelas "mentirinhas necessárias" da minha amiga. Aquelas que não prejudicam ninguém.
Isso com todo o entorno.
Quantos pais e professores que na sinceridade destroem aptidões dos filhos?
Tive uma amiga que estudava violão comigo. Nunca me esqueci da mãe dela.Quando eu chegava para brincar ou estudar, ainda meninas de tudo, A MÃE dizia..."nossa, mas a minha filha é um horror no violão...meus ouvidos não aguentam mais"...
Eu, apesar da pouca idade, achava aquela "sinceridade" o fim do mundo! E era mesmo!
De fato, tinha alguma dificuldade sim, mas acabou por desistir do instrumento, rapidinho...
Se se tornaria uma violonista, nós nunca mais saberemos.A mãe a desestimulou.
Vale lembrar que existem franquezas que pesam o resto da vida.Quanto mais próximos somos da pessoa "franca" em demasia maior poderá ser o estrago da bem intencionada sinceridade.
Portanto naquela dicussão emiti meu ponto de vista.
Se for para ajudar, acredito ser conveniente deixar o excesso de franqueza de lado, se o outro não tiver correndo grandes perigos, claro.
Alguém poderia dizer: Então deixaremos nosso ente querido passar pelo rídiculo?
Acho que tudo nessa vida é relativo.
Nossa opinião pode não representar a verdade. Melhor é deixar o outro se sentir feliz...o resto...
Sinto que existe uma linha muito tênue na qual a SENSIBILIDADE é água divisória, que separa a franqueza da caridade, bem como do respeito e da boa educação.