Ensaio sobre a Fraqueza do Homem

Um diamante bruto não é atraente a primeira vista, no entanto, sabe-se o seu valor e a sua indestrutibilidade. Mas para lhe fornecer o requinte é necessário ser lapidado, trabalhado até atingir a constituição de uma jóia, uma peça ornamental.

Assim é a imagem de um ser humano sobre si próprio, sua vida é valiosa, sua personalidade é inexoravelmente forte, tem fome de conhecimento para impressionar (ou seria expressionar?) e acima de tudo, tem plena certeza do poderio e fascínio que exerce. Lamentável!

A melhor comparação seria a de um cristal, realmente é belo, fascina e tem seu preço, no entanto, ao menor deslize se estilhaça completamente.

O ser humano, na maioria das vezes é totalmente impotente perante as situações andrajosas, é incapaz de compreender o turbilhão formado por seus sentimentos e a sabedoria oferecida, é fraco demais para enxergar além da sua visão, para dissipar as névoas eternizadas do egoísmo amorfo, para entender o quão grande é a sua corrupção vil e sua prostituição mórbida.

E no exato momento em que começa a trincar e vê a sua estrutura ruir, ele toma a noção da fraqueza, mas, ao invés de se fortalecer, sente medo, treme e se entrega moribundo.

A descoberta da impotência, da nulidade faz bem ao homem. Não é porque agora ele se partiu em inúmeros cacos e seu destino inevitável é uma lixeira, que tudo se acabou. É necessário reunir seus pedaços estilhaçados, e é nesse instante que se encontra a verdadeira razão da vida.

A fraqueza, inerente ao homem faz com que ele não tenha atitudes louváveis e o prostitui à ignorância, corrompe-o ao sarcasmo. A percepção da fraqueza faz o homem se tornar reluzente, forte e disposto a lutar; o que antes era visto de modo obscuro se aclara por meio do conhecimento de si próprio. Sofre-se. A perca da inocência é irreparável, mas os horizontes se ampliam, a sabedoria se apropria do seu corpo, tornando-o capaz do discernimento.

O medo acompanha a fraqueza e é aterrorizante. O indivíduo é incapaz de agir e pensar por medo do desconhecido, prefere se desviar dos obstáculos para não enxergar a realidade. Há algo de cômodo nisso, a aparência, o júbilo, as mentiras forçadas são os meios empregados como métodos de fuga.

É inegável esconder a dor e o forte impacto causado pelo reconhecimento da fraqueza. Mas é um processo importante no período de vida do ser humano. Ser inocente é perigoso. Inocente aqui não está empregado como sem máculas ou não entendimento sobre o Cosmo, mas como forma de defesa instintiva, de não-reconhecimento da verdade quando ela se faz presente de forma tão nítida.

A partir do instante em que o indivíduo se enxergar como um cristal e não como um diamante, perceberá a importância do conhecimento empírico e concreto que possibilita a atuação da infinita rede dos pensamentos de forma objetiva e cruel, possibilitando se sentir liberto ao assumir sua incapacidade e estabelecer a sua determinação em alicerces flutuantes.

Eis a forte fraqueza – fraqueza dos fortes!

Ana Claudia Brida
Enviado por Ana Claudia Brida em 09/06/2008
Reeditado em 09/06/2008
Código do texto: T1026697
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.