O Sistema e O Homem enquanto ser e indivíduo

CAPÍTULO II - O SISTEMA E SUA EVOLUÇÃO EM RELAÇÃO AO HOMEM E SUA EXISTÊNCIA NO PLANETA

Segundo Joseph Campbell, em seu livro "O Poder do Mito" a sociedade em sua formação incial já evoluía ao romperem as fronteiras de seus limites geográficos. E se entrassemos em questão sobre quando exatamente os sistemas entraram em evolução, veríamos, de forma clara que a resposta seria "desde o princípio". Desde quando a sociedade existe, há sistema e há evolução. O fato é que esse sistema que aos poucos foi sendo desenvolvido de geração em geração e hoje se estabelece com unanimidade, é a coisa mais absurda que já se estabeleceu na história da humanidade.

Desde quando o primeiro homem cercou um pedaço de terra e disse que era seu; e passou a tomar posse de tudo que nessa terra produzia e, por consequência, começou a negociar a sobra do seu consumo é que a sociedade tomou as rédias para o rumo que nos trás aos dias de hoje.

Se avaliarmos friamente este fato veremos que nós mesmos é que criamos as nossas dificuldades. Visto voltando ao princípio da humanidade nada era de ninguém e tudo era de todo mundo. Mas assim a humanidade não caminhou e achou-se necessário delimitar espaços e posses. Problematicamente essa primeira evolução de um sistema originou outras necessidades até a criação da moeda, passando, é claro, antes disso, como citado no capítulo anterior, pelo escambo.

A partir das revoluções científicas, primárias e sistemáticas, ao longo dos tempos, o homem foi inventando benefícios que até determinado tempo geravam benefícios a ele próprio. Contudo, com andar da história, isto mudou:

Hoje, para cada parte de benefício gerado por uma nova idéia que surge, seja ela de cunho tecnológico, científico e etc, existem praticamente duas outras de malefícios geradas. Se observarmos o quanto cresce a população mundial no momento e avaliarmos que a tendência evolutiva do sistema está inevitavelmente condicionada à eterna lei de custo/benefício, e que obviamente o que se procura é cada vez mais reduzir os custos para que se tenha mais benefícios, e que redução de custos significa desenvolvimento tecnológico agressivo e que isto significa, no fundo, a diminuição de trabalho humano, veremos que dentro de poucos anos teremos milhares de desempregados. Isto, caso não haja (e inevitavelmente haverá) uma redução agressiva da população do planeta.

Os pequenos focos de guerra que vez ou outra aparecem no mundo são nada menos que preâmbulos de uma terceira grande guerra mundial.

Supondo que todos os países do mundo se tornassem "super-potências" a desgraça seria tamanha no planeta que torna-se-ia quase impossível não acreditar no final dos tempos citado no livro de apocalipse encontrado na bíblia.

Isto tudo deve-se ao sistema que nos submetemos e que criamos ao longo dos tempo e sem o qual hoje viver no mundo parece impossível. A bem da verdade, podemos dizer, que a evolução do sistema é agradável, confortável e benéfica. Sim, graças a criação e distribuição da energia elétrica é que se pode, por exemplo, estarmos usando um computador, por exemplo. Contudo, é preciso que lancemos os olhos para o quanto determinada evolução benéfica é capaz de gerar em malefícios.

O dinheiro, que é a mola integrante do sistema como conhecemos hoje, talvez seja a pior das invenções humanas. Através dele é que temos perdido o sentido do que verdadeiramente faz sentido à vida na Terra. E não digo isto porque não o tenho. De fato, se o tivesse, em quantia inigualável ainda assim o detestaria e sem demagogia. Qualquer pessoa do mundo que compreenda, mesmo que em razas proporções, o verdadeiro sentido da vida terá aversão ao dinheiro, ou pelo menos não lhe dará o valor que lhe parece ser merecido. Isto porque tal indivíduo percebe que na sua natureza há algo que lhe faz acreditar que existe um sentido maior do que todas as posses que possa comprar esse dinheiro e que, por vias da morte, nada vale o que construir o homem em vida. Portanto, o tempo que dispensou lutando para adquirir ou ter isto ou aquilo foi inútil e sem nenhuma importância, pois nada de substancialmente importante deixou este homem em vida.

Se retirarmos o homem do sistema em que vivemos e retirarmos dele todos os objetivos, desejos e vontades que envolvam conquistas materialistas, além, é claro, de retirar toda e qualquer importância social deste indivíduo, deixando-o claramente despido de todas as chagas urbanísticas que o impõe a ser, fazer e ter isto ou aquilo. Que sentido terá a vida deste homem? O que lhe resta de propósitos que não sejam individualistas? O que tem pra deixar este homem? Isto seria o mesmo que perguntar: Quem é o Bill Gates, por exemplo, longe de todo seu dinheiro, suas posses e contribuição tecnológica e científica para o mundo? O que de fato, ele deixa para a humanidade, longe do sistema?

É importante perceber que há algo mais que um ser humano precisa perceber. Que é possível que se passe uma vida inteira sem entender que sentido real ela tem. Enquanto isto, estaremos vivendo com a evolução desse sistema em que nos acostumamos a viver em todo o planeta. Até que um dia ele mesmo se auto-destrua. Aí talvez tenhamos uma leve possibilidade de entender que talvez exista um outro sentido para a vida que não seja o de vivê-la inteiramente tentando construir algo que quando se morre não vai nem fica! Talvez entendamos até que o verdadeiro "grande homem" talvez ainda esteja para nascer.

 

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Oscar Calixto
Enviado por Oscar Calixto em 29/05/2008
Reeditado em 21/05/2023
Código do texto: T1011301
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