A GLOBALIZAÇÃO E AS RELAÇÕES DE TRABALHO

O mundo globalizado exige novas relações de trabalho, tanto do ponto de vista externo quanto da força de trabalho com o meio de produção. A Globalização provoca nova Divisão Internacional do Trabalho (DIT): paises desenvolvidos fornecem ao mundo produtos industrializados (de tecnologia superior), tecnologia e capitais sob a forma de empréstimos, investimentos produtivos e especulativos; países subdesenvolvidos fornecem produtos primários, produtos industrializados e capitais sob a forma de juros, royalties e lucros.

Na DIT antiga os países ricos exportavam produtos industrializados (manufaturas) e importavam produtos primários (matérias-primas); essa relação de troca, possibilitava aos países ricos manterem o domínio direto sobre os países pobres. Hoje, além dessa “troca tradicional”, o principal sustentáculo de dominação por parte dos países desenvolvidos é a dependência tecnológica e financeira que eles impõem aos países subdesenvolvidos.

Domenico De Masi, em “A sociedade pós-industrial”, afirma que “A cena econômica mundial foi atingida por um processo de resdistribuiçao global da produção que criou novas prioridades na indústria; conturbou radicalmente a hierarquia entre os sistemas econômicos nacionais, tornando obsoleta a distinção entre países produtores e países consumidores; impôs novos modelos de integração eonômica.” Eis, portanto, uma definição clara das mudanças decorrentes da globalização no cenário mundial.

Uma caracterísitca marcante da nova DIT é a transferência de indústrias de média e baixa tecnologia para países em processo de industrialização. Esta é uma imposição do processo de globalização visando uma reordenação da estrutura produtiva mundial: unidades produtivas de baixa tecnologia são montadas a baixo custo e a mão-de-obra em países subdesenvolvidos também custa pouco.

Dentro dessa lógica mudam também as relações internas de produção. A globalização atinge, inclusive, as relações entre trabalhadores e unidades de produção. Surgem mudanças nas contratações que estabeleciam as relações de produção no mundo do trabalho. As grandes empresas optam por substituir as contratações duradouras pela terceirização de serviços, parcerias e contrato com encargos por tempo determinado (serviço temporário).

A competição entre as empresas ganhou escala mundial e a redução de custos operacionais tornou-se estratégia fundamental para se manter no mercado. Umas das áreas mais afetadas por esses processos é a das relações trabalhistas. Os empresários têm buscado mecanismos mais ágeis e flexíveis na contratação e dispensa de trabalhadores, tentando evitar uma série de conquistas sociais adquiridas por meio das lutas sindicais do século XX. Assim, terceirizam seus serviços e investem em parceirias e contratos temporários de trabalho, reduzindo a contratação tradicional, ou seja, a do trabalho assalariado.

Relações de trabalho como o arrendamento e a meação, especialmente a segunda que é mais igualitaria e mais justa, existem atualmente apenas em atividades no campo; ainda são praticadas, mas consideradas atrasadas e anteriores à própria relação de trabalho assalariado: elas estão com os dias contados.