PAPO DISTÓPICO

As mudanças no campo da política que se deram a partir da eleição presidencial em 2019 trouxeram ao país uma desestabilidade e a divisão abrupta da população em dois polos distintos de pensamento. Não bastasse o momento, a pandemia do COVID 19 potencializou esse ambiente inflamável e remeteu o país a índices cada vez piores de resultados econômicos e, especialmente os sociais. Em meio a tantas incertezas e ameaças, o ataque à ciência e aos cientistas, o apego a um passado irreal e imaginado e o crescimento de apego a dogmas religiosos desenhou um cenário que defino como “distópico”. Imaginei então dois personagens: um adulto, vivendo todas as angústias inerentes à idade e ao momento atual e uma criança. As figuras são desenhos mal feitos, rabiscos de contornos apenas e esse é o objetivo. A criança, que tem uma estrela sobre sua cabeça, rebate as ideias proferidas em palavras pelo adulto, mas, em forma de pensamento. A criança teme ser ouvida, pois, assim vivemos nestes dias: expor opiniões pode gerar indignação e ataque de grupos que surfam numa onda de ódio e sarcasmo. As situações são diversas e as mensagens como disse, rápidas e provocadoras.