UM OLHAR SOBRE O TEMPO

Um dia me senti impelida a escrever poesia. Acreditem me inspirei em cada lembrança resgatada, nos singulares sentimentos, nos passeios da vida, nos corredores do passado, nas fantasias. Fui registrando os relances poéticos e gostando a cada dia de fazê-lo. E foi um turbilhão de letras me afogando o juízo. Gostei e assim o fiz a cada emoção que brotava, intensa, sem alarde, no silêncio do meu quarto, revivi, criei, expandi meu eu, abri fendas no tempo, reencontrei cantos e encantos de minha adolescência, resgatei o tempo escondido na cortina esgarçada dos anos que ficaram para trás. Foi assim que me senti ao escrever os poemas desse livro. São os primeiros, eu sei, certamente não serão os últimos. Estão em sua genuína expressão, sem cortes, sem censura, sem arremedos. Vieram para ficar como estão. Cabe ao leitor compreender esse olhar sobre o tempo, sobre outras coisas também, a subjetividade feminina, a maturidade, o olhar da doce loucura que nos acerca quando escrevemos pelo simples amor a linguagem poética, pelo sentimento de posse de nós mesmos. É assim que entendo a minha escrita, estou de posse de mim mesma, nem que seja por um instante. Assim escrevi sobre coisas, simples, cotidianas, profundas, e mágicas, graves e sofridas, alegres e românticas.