O RETORNO

... O homem bateu no vidro do carro, era uma batida seca, precisa, parecendo ser um metal contra um vidro, e era! O revólver em sua mão não deixava dúvida da intenção de um assalto. Era um rapaz alto, cabelo raspado, pele morena, e tinha no rosto uma expressão de ódio. Com os olhos esbugalhados e mãos trêmulas gesticulava aos gritos “saia do carro... saia do carro ...”. Esses gestos eram típicos, e deixavam transparecer que estava drogado. Instintivamente engatei a primeira marcha e acelerei, então nesse momento ouvi um estampido.No mesmo instante senti uma ardência no ombro esquerdo, como se fosse algo queimando meu ombro e o meu corpo, então senti pedaços do vidro da janela caindo sobre mim. O carro rodopiou e bateu contra um poste no outro lado da rua. Uma escuridão imensa se formou ao meu redor, era como se eu não estivesse mais fazendo parte de meu corpo, apenas o meu “eu” entrava em um ambiente escuro e sem forma. Nesse momento vi ao longe algo brilhando, era uma luz branca e muito intensa mas bastante distante. Isso era a única coisa visível no meio daquela escuridão toda. Eu não conseguia me mover mas queria alcançar aquela luz, precisava ir ao encontro dela. Parecia estar grudado em alguma coisa que eu não sabia definir. Não sentia frio, nem calor ou desconforto, na verdade era como se estivesse vivendo um sonho. Tentei gritar, a voz não saiu...