AUTORITARISMO OU VIOLÊNCIA SIMBÓLICA?

O comportamento autoritário, entendido como um conjunto de atitudes impositivas, altivas, dominadoras, arrogantes, que denota vaidade, orgulho excessivo, pretensão, e, sobretudo, preconceitos, é algo próprio de uma grande maioria dos brasileiros. Entretanto, há regiões do país em que essa prática comportamental se destaca como parte da cultura local: este é o caso do Norte de Minas. A proposta deste trabalho é iniciar uma reflexão sobre a presença do autoritarismo nas relações familiares e, por conseqüência, nas relações políticas, profissionais e sociais na região, partindo do estudo da bibliografia e de algumas entrevistas a funcionários públicos locais. Tentaremos mostrar que toda uma prática de relações interpessoais provenientes de uma sociedade agrária hierarquizada e violenta, que remonta aos tempos coloniais, trouxe resquícios desse autoritarismo para a sociedade norte-mineira (urbana e rural) atual. O autoritarismo é um fenômeno cultural que se reforça especialmente nas instituições; apresenta-se sob a forma de violência simbólica e, em alguns casos, se reforça na violência física.