Urbanometria / Fotografia (2009)

A cidade do Serro foi tombada pelo Patrimônio Nacional em 1938. Sua arquitetura colonial, sua memória na arquitetura das várias etapas de seu desenvolvimento urbano fazem da antiga Vila do Príncipe uma relíquia-museu no Vale do Jequitinhonha. O olhar que se apresenta sobre a cidade do Serro é um olhar sobre o trato dado às formas primárias da arquitetura e como a cidade constrói a seu modo o belo urbano. A antiga Vila do Príncipe mantém em seu casario uma forma de conceber a construção. Mas a construção de edifícios – seja qual for a sua finalidade – é resultado do modus vivendi, da forma de interação entre a cidade e o indivíduo. Ao fotografarmos a cidade em 2009 nosso objetivo era deslocar para a intemporalidade do registro fotográfico a atual relação entre os moradores e a arquitetura desses mais de trezentos anos de história. Por isso, o registro fotográfico é uma forma estranha de lidar com a cidade. Essa forma de estranhamento é proposital: não se pode fazer da fotografia um mero clicar e pronto. É preciso educação no olhar, ver de fora, ver como estranho, estranhar-se com as formas, com as cores, com os objetos, devolver à cidade sob forma de atento olhar o amor que por ela se tem. A cidade do Serro preserva-se no presente com as condições do passado impostas pela natureza do lugar. E dessa natureza inóspita fazem-se os mestres madeireiros, os mestres marceneiros, os mestres construtores, os mestres pedreiros.