Ora... (agora, em Duplix)
Ora beiro [o abismo a fixar no horizonte, o olhar]
ora descambo [em aforismos loucos sem me encontrar]
ora aprumo [em virtudes de alma pura]
ora resvalo [conciso em quem sou]
deixo o prumo por um instante [levito]
nesse meu pensamento errante. [Me sinto...]
Ora penso [num mergulho intenso sem fim]
ora repenso [absorvo a vaga solidão]
ora dispenso [são apenas desvarios]
qualquer pensamento... [ Em vão! ]
Ora esmaeço [em meus sentimentos]
ora enlevo [por culpa da beleza da vida]
ora enlouqueço [ardendo de paixão]
Atraco, embarco e navego em desatinados desejos.
Ora viajo [nas ondas da canção do meu coração]
ora não ajo [deixo-me levar pelo mar da ilusão]
inerte, absorto [apenas sinto]
descrevo toda essa loucura desnuda [que inflama meu coração]
sem cura...
quantos loucos há em mim?...
Ora amargo [sentindo-me como ser inábil]
ora adoço, [com olhos de esperança, essa minha vida [cheia de interrogações]
temores, dissabores, paixões e amores.
Ora enrijeço [tirando forças do que sou por dentro]
ora alongo [meus dias em sonhos e paixões]
ora relaxo [nas asas do tempo, sou livre]
me solto no espaço [me viro do avesso]
esqueço que sou corpo/ e me deixo apenas alma
Ora choro [ regando sonhos esquecidos]
ora sorrio [iluminando meu olhar sombrio]
choro lágrimas contidas [nesse oceano de desejos]
quisera por vezes chorar um rio
por outras tantas sorrir
um sorriso vadio.
Não sei o que é e quem é este que sou agora
Apenas espreito o que me cerca, [sem passado ou futuro] esquadrinhando versos sobrevivo [no presente]
vendo passar à minha frente
esse mundo abundante e vazio.
[ Parceria com a poetisa Flor de Laranjeira
que me honra com esses carinhosos versos em duplix ]