DUPLIXES ENTRELAÇADOS
I
Flor debruçada no rio // sal vertido no olhar
É a tristeza chorando // angústia a mortificar
Em seu olhar muita dor // penúria do desamor
II
Seus olhos são outro rio // plácidas águas azuis
Debulhados de amor // embromadas na espera
Buscando alguém no vazio // do ser de suas utopias
III
E ela a se debruçar // encolhida no silêncio
Atraída e conturbada // solita, desamparada
Desalento a soluçar // na madrugada triste
IV
Deixando-se arrastar // rompeu sonhos e quimeras
Pelo rio sonhador // deslizaram no tormento
Correnteza de matar // torrentes no pensamento
V
A flor deita-se ao rio//banha-se na fingida sedução
Sentindo grande arrepio//pele arde de saudades
Preenchendo seu vazio//Preenche-se de utópica felicidade
VI
O rio com a flor nos braços // atam-se em liames apaixonado
Ganhando perfume e cor // desbravam aromas e cores
Os dois refazendo laços // entrelaçados num abraço
VII
Rio no leito cantante // ele em cama de afeto profundo,
Flor delirante de amor // ela rompe-se, feliz, da tristeza
Os dois fazem par perfeito // Conjugam-se no verbo amar
Lourdes Ramos//Denise Severgnini