Delírio das bocas
As bocas dos poetas
São sábias e faceiras...
No escuro procuram
Pelo percurso tateiam
Entre aranhas e teias
Num leve sopro de sensações...
Vencem as sombras das ilusões
Derretem as chamas dos labirintos
Nos rios que transbordam de prazer...
Querem o fruto proibido
Mesmo que por viés errante
Lançam seus lábios alucinantes
Vulvas, membros, gritam vibrantes
Olhos escondendo-se na miragem
Dos caminhos errantes da magia...
Torpores... liberando-se na margem
De dor e gozo em perfeita sincronia
Veias acesas e pulsantes
Deliram intensas... presentes
Bocas propensas aos mergulhos
Tecem fios em agulhas...fagulhas
Nossos nomes... sussurros de languidez
Bendizendo, embriagando nossos corpos,
Vultos que seduzem...acariciam,
Sedução em seu indomável feitiço
Surtam nas ondas das amarguras
Dos indeléveis prazeres mundanos
São santas e profanas... as bocas...
Lânguidas e labiosas...curiosas
Sensações no margear da loucura,
Libidos em chamas se alimentando
De delírios causando rios de tonturas,
É o amor saqueando toda resistência
No frenesi sensual das buscas
Cospem a água benta ou veneno
Das palavras eróticas e obscenas
No passeio das salivas e cenas
Carícias sem acariciar, sopro da brisa,
Arrepiando, alucinando... queimando
Penetrando, passando em cada veia,
Delírio abismal... que teima em ficar
Engolem e roçam gengivas
Letras em impulsos de ogivas
Contato do gozo e do orgasmo
Rangem frenéticas mandíbulas
Pele ardente seduzida como seda
Nas trilhas alucinantes das bocas secas,
Saciam nossa sede sem nenhuma timidez
Febre ardendo eliminando toda lucidez
Ah! bocas profanas, santas, marginais,
Atrevidas em seus delírios vagabundos
E em seus versos eróticos e marginais
Que se fundem no tesão... em ebulição
Sevícias em carícias e malícias
Mastigam o remédio da cura
Indo ao encontro d’outros lábios
Na dança celestial das línguas
Festejam no tablado do céu
Na pele, na coxa, na gruta...em véus
Saciam o apetite feroz da fome
Ah! Desbocadas...ousadas...sem nome
São carícias abismais em ritmos sensuais,
Trilhas úmidas de prazer e ousadia...
Fome libertina sem poder ser saciada
No auge da colheita libertina e vadia
Atrevidas, bagunceiras, sussurrantes...
Não há quem não se quede aos teus encantos
Sempre insinuantes...estão em todos os cantos
Satisfeitas, carentes como loucas e delirantes
Euforia de corpo a corpo em nossas bocas,
Nossos atrevimentos de pura e fiel satisfação
Das fomes devorando milhões de encantos
Nesse nosso último ato nos domando...
Nossas bocas delirantes não são santas
Mas bocas de prazer... que buscam saciar
No auge duma noite de luar estão a cantar
Nos embriagando e nos fazendo delirar...
Assim é a minha...a tua...a nossa boca?!
Na procura do beijo sensual e ardente
Na terra...no ar ou no mar querem apenas amar...
E se beijar...beijar muito...nas bocas!
Duo: Salomé&Hilde