Dueto: Eu queria/Lâminas afiadas/Denise/Edvaldo


Rasga-se o verbo,
e as palavras qual lâminas afiadas
me dilaceram a mente, a carne,
expondo incensiveis,
as dores de meu coração!

Eu queria tirar
esta angustia
que passeia em meu peito

Com qual direito é exposto o meu âmago?
Posto que minhas dores,
-de amores,saudades e solidão,
são tão minhas!

Com que direito
são em mim despejadas
toneladas e toneladas
de dores que não são minhas

As dores tão intimas,
como as dos outros, tão iguais!

Eu queria poder
ver e não sentir
ou sentir e não sofrer
com agruras alheias
envolver-me em teias
de outras cadeias...

Não consigo ignorar,
que o que se passa comigo,
se passa com um irmão...
Reflexos num espelho inexistente,
coloca-nos frente a frente!
Na superfície do espelho,
aparentemente, dois seres tão diferentes,
trazem dentro de si tão presentes,
as mesmas dores,
amores,
alegrias,
saudades,
solidão!

As palavras marcam o papel,
cortantes feito navalha,
deixando pegadas ensagues;
Sobre poças de lágrimas!

Eu queria, apenas escrever...
Escrever sem sofrer...