O NETO DO SONETO
Se eu faço o que desfaço nada traço
Emendo o que não sei com maestria;
A mão vai destruindo a poesia
E mesmo assim eu sigo ereto, o passo.
Não tendo qualquer forma de compasso,
Eu peço a proteção ao velho guia,
Cadáver que se fez em caquexia
Permite que eu não tenha um embaraço
Fingindo ser demais o muito pouco
Não quero que me mostres nem tampouco
Clareie com verdades este sol.
O filho modernista de Camões,
Aflora em versos tortos aos milhões,
O neto do soneto é o besteirol?
A métrica distorço e sempre invento
Alguma coisa então para criar
E nessa obssessão, um complemento
Eu busco no soneto aliviar...
Camões eu quero ser, não me contento
Na poesia só para enfeitar
Procuro assim momento, por momento
A estética tirar de seu lugar...
Assim vou prosseguindo e procurando
O tipo de soneto que escrevo
E até que me iludo - vez em quando...
Descubro logo após que esse projeto
A quem Camões deixou - a quem eu devo -
Soneto original.. é só seu neto
MARCOS LOURES
GONÇALVES REIS
Emendo o que não sei com maestria;
A mão vai destruindo a poesia
E mesmo assim eu sigo ereto, o passo.
Não tendo qualquer forma de compasso,
Eu peço a proteção ao velho guia,
Cadáver que se fez em caquexia
Permite que eu não tenha um embaraço
Fingindo ser demais o muito pouco
Não quero que me mostres nem tampouco
Clareie com verdades este sol.
O filho modernista de Camões,
Aflora em versos tortos aos milhões,
O neto do soneto é o besteirol?
A métrica distorço e sempre invento
Alguma coisa então para criar
E nessa obssessão, um complemento
Eu busco no soneto aliviar...
Camões eu quero ser, não me contento
Na poesia só para enfeitar
Procuro assim momento, por momento
A estética tirar de seu lugar...
Assim vou prosseguindo e procurando
O tipo de soneto que escrevo
E até que me iludo - vez em quando...
Descubro logo após que esse projeto
A quem Camões deixou - a quem eu devo -
Soneto original.. é só seu neto
MARCOS LOURES
GONÇALVES REIS