CIDADE EM SÍTIO
Nos ranchos do riacho fundo
Nas cercas nas cercanias dos matos
Deparam-se com chefes chefões mafiosos
Das hierarquias
Das oligarquias cafeeiras
Do coronelismo nas pontas afiadas de facas, facões
E dos dentes de serrotes & serras elétricas.
Uma aristocracia
Com base na total anti-democracia
Sem demagogia
Fazendo apologia às posses de podres poderes.
Seus rústicos, imperialistas tecnocratas da injustiça colonialista!
Vão para o quinto dos infernos!
Com os seus mandados e mandatos de quinta categoria!
Em breve, vocês todos apodreceram por esses quintais.
Seus grisalhos cabelos
Mostravam para aquelas pessoas
Que até as flores desabrocham –
Ao seu mandado.
Nos dentes, um arsenal de armas vermelhas
Que se assemelham a uma rosa presa à cabeça de sua dona
E que se assemelham as feridas nos dedos
Dos pobres indulgentes
Que nesse exato momento se perdem no jardim de canavial
Com facas, foices, facões
E uma fotografia da família no bolso esquerdo
Da calça amarrotada.
Aquela calça bege surrada de abatedouro
E suadouro camponês
Que dantes arrastava
Em trincheiras de guerras & guerrilhas em que ninguém sagrava-se vencedor
Donde apenas agora velho e cansado de tudo
Passeia pelos sítios sitiados
Nos quais, são disseminados cada ódio contido & contado
Consumido & consumado.
Aquela lágrima
Era um sinal contido de dor
Uma dor que se confunde com suas veias
Uma dor que se confunde com o homem comum
Que vê no reflexo da lâmina
O sorrido do sol – o sorriso falso do sol
O mesmo que lhe sorriu
Quando ele acreditava ser livre.
Adeus, ranchos de riacho fundo.
Adeus, cercas cercanias dos matagais.
O que resta é o fenecer simbólico de sonhos meramente mortais.
Felipe Rey & Francisco Hawllrysson de Sousa.