Nemo judex sine lege e Sopros

Nemo judex sine lege e Sopros

Ninguém é juiz sem lei.

Euterpe

Sandra Ravanini e José Carlos Lopes

Quimeras desgarradas de um sopro incolor;

as juras desagradando os sonhadores

de segundos, descompondo o ato desertor,

e amando o espelho onde somos os atores.

Sopros inventores refazendo cores;

pintar daquele segundo sonhador

uma tela das imagens incolores

qual o gesto espelhando o seu tremor.

Agora a vida apaga os cenários de um dia,

prosaico instante, descansa assim, Euterpe

longe deste enredo, esgrafiando a profecia

impalpável e estaqueando a face inerte.

Aquieta a trama na iluminação do verve,

Euterpe adormecendo a leda fantasia,

de tudo a alma bane o que não serve

dissolvendo ao relento o grão da apatia.

O bom conselho é aquele que não seguimos,

então conseguimos descontar as culpas

no erro daquele reflexo que ferimos,

rogando à sombra pedidos de desculpas.

Seguimos o anelar da vida indulta

disfarçando tudo aquilo não vimos,

ao fim sabemos onde o ego exulta

à sombra que aos nervos serve o arrimo.

Os segundos daquele jurado instante

um dia sopram vida ao cenário do apelo

e a poeira incolor tão insignificante

reflete a face amante nos erros do espelho...

O apelo, nada mais que esse arremedo,

verte o pó nas avenidas escaldantes,

e os erros são agora um arvoredo;

descansa, Euterpe, ao embalar de tal cante.

Campinas, 17/dezembro/2007

14:49

Londres, 24/dezembro/2007

17:39