Teu cais / Calmaria

Aporto em teu cais

E minhas velas içadas me conduzem lentamente

Teu mar é calmaria

Quente, fértil, sublime

E em teu mar descanso

Hoje, tomo outro rumo

E teu mar é de insuportável bonança

Água parada, fétida e doentia

E rumo a outros portos

Em busca de ventos que me levem ao longe

Mas que me tragam novamente

Já não sei se voltarei

Pois teu mar já me adoece

E apesar da saudade da tranqüilidade

O que me faz viver são mares revoltos

Gosto de lutar contra o que parece mais forte que eu

E um dia, em porto distante, ancorarei

E de longe olharei teu porto, que por muito me serviu

Mas à outra embarcação serve agora

E de longe sei que vou querer voltar

Mas resistirei, pois sei

Que no fundo, no teu porto, hei de naufragar!

Polyana Amaral

CALMARIA

Paixão em calmaria

Sentimentos passíveis

Sem “Cláudia” e sem “Maria”...

Pensamentos lascivos

Corpo vibrante

Vontades inquietantes

E o errante segue tranqüilo

Tanto de noite quanto de dia!...

A poesia espera a mulher

E ela o amante...

Sem muito sigilo

As coisas acontecem como dantes

Pensamos naquilo

Crianças vão à escola

Lembranças de imagens gigantes...

Danças que não se esquecem

Está tudo guardadinho na sacola!...

À noite a gente se aquece

E o coração?...

Ouça o meu grito

Se esse estivesse em confusão

O espírito estaria aflito

E a alma não o acalmaria.

Júlio Nessin