O pássaro
Por trás das grades, contempla os primeiros raios de sol a dançar, alegremente, por entre a copa das árvores, tendo como par, a brisa suave, que a noite fria trouxe. De mãos dadas, rodopiam sobre a relva molhada de orvalho - reluzente tapete verde.
Casais livres, nos galhos, nos muros, nos fios, fazem suas juras de amor em harmoniosa melodia. Assim, a Natureza sagrada convida-nos a ler sua partitura... e eu canto e canto.
Outras grandes árvores - essas prateadas e ocas, rodeadas de janelas – abrigam inquietos moradores, a voar num interminável ir e vir, de um lugar para lugar algum.
Vejo certo tipo de liberdade e me bate a saudade da que jamais possuí. Cerceado pelas grades, somente posso ver e suspirar pelas alturas, ainda que o assobiar do vento me convoque.
Sei que outra tarde vai chegar, e com ela a esperança, ambas trazendo na mala um pouco da semente da beleza e encanto. É tarde quando se percebe que voar é possível, com ou sem asas.