Mortalha Cintilante
Voz da Melancolia
Nas sinuosidades do crepúsculo, ressoa minha voz,
Amortalhada em pergaminhos de angústias arcaicas;
Onde sombras de epifanias jazem, lacônicas,
E os ecos perambulam por fendas sísmicas.
Voz da Esperança
Por sob o céu que brilha em cintilações esquivas,
Minha alma anseia por ressurreições inauditas;
Abraço a incerteza com vigor e zelo,
Sorvendo o inebriante perfume do possível.
Voz da Melancolia
Oh, entre corredores de mármore e estatuárias mudas,
O espírito vagueia por lamentos lapidares;
As notas trágicas das horas soterradas
Sussurram um luto que a eternidade afaga.
Voz da Esperança
No entanto, dos vitrais de madrugadas impolutas
Surge o clarão diáfano da aurora vindoura;
Onde promessas hialinas se entrelaçam em filigranas,
E o verbo hesitante renasce em cânticos límpidos.
Vozes em Diálogo
Entre o vórtice de pesar e o fôlego da renovação,
Ergue-se a verdade, matriz de contradições inatas;
O verso é abismo e cume, silêncio e revelação,
Mas entre cinzas e clarões, tecemos a redenção.