Papos celestinos
- Ô Pai, com todo o meu respeito, eu tô achando isso aqui um tanto malparado... Faz quase dois mil anos que vim para cá, onde com toda honra, exaltação e glória sentei-me à vossa direita, mas o fato é que para mim já tão de bom tamanho esses dois milênios celestiais... eu quero mesmo é voltar, conforme prometi, para julgar vivos e mortos - salvo na Palestina, onde agora só restam os caídos... - e completar assim os vossos desígnios...
- Filho meu, Filho meu, eu que experimento a eternidade, vejo com preocupação essa tua ansiedade, quando ainda estar por completar tão singelamente dois milênios de existência. Mas vamos lá, o favorito, de pleno direito para essa tarefa, é o Divino Espírito Santo, que compartilha a eternidade comigo e cujas missões à Terra foram efêmeras... contudo, como és o filho unigênito meu, posso fazer mais uma exceção e dar-te a preferência desde que cumpras alguns requisitos básicos e infrinjas uns outros tantos:
- é preciso, agora, passar pelo teste das urnas; meu Xerife na Terra, que plana já não mais a crê, costuma ser rigoroso nesses trâmites, nesse contexto ele vem perseguindo diuturnamente um Messias que por lá já anda... Trata-se de um falso Messias,
mas que como vive invocando meu Santo nome, eu vou tolerando-o, dando-lhe sobrevida, na esperança de que se arrependa e, contrito, volte ao meu aprisco...
- Mas Pai, e o outro que lá recuperou as rédeas do governo...?
- Ah, meu Filho, esse é comunista, feito meu próprio representante direto na Terra, o Francisco ...
Chega, Pai, vou dormir, amanhã cedinho tenho que estar derramando bênçãos sobre o Padre Marcelo, depois nós conversa mais....