RECONTRO
Passo meus dias à beira do rio.
A contemplar a ribeira, estou.
Admiro a linda vista, diante de mim, e medito.
Nada me afasta daqui, nem que eu queira.
E assim, observo o rio a passar.
O que antes vi, já se foi.
Os rastros que o rio traz lembram-me do ontem.
Sei que fiz muito bem nos dias idos.
Entretanto, houve erros e instantes vacilantes. É certo.
Ah, como sou feliz onde estou!
Embora, na vida, desgostos e decepções apareçam,
confio que tudo passa,
mesmo que não os veja.
Ana Carlota Rilho
Tal como o rio, que inevitavelmente passa,
o vento e o tempo irremediavelmente perpassam.
E as águas carregam meu pensamento ligeiro.
Levam os sentimentos do meu corpo inteiro.
No curso do rio, deixo-me levar pelas torrentes.
Já não sou o mesmo de minutos, entrementes.
Quiçá a corrente, meu amor, me traga.
Sua presença será salutar nestas plagas.
E faremos poesia, serena e languidamente.
Já posso ver tua figura vir ao meu encontro.
O vento e o rio marcaram nosso recontro.
Pelas águas, navegas, ao sabor das correntes.
Sem saber, emolduras o quadro do sol poente.
Inês Carolina Rilho
Livro solo de poesia "Seguindo meu coração"
Direitos autorais reservados
Lei 9.610/98
*Poema inspirado na canção "Na ribeira deste rio", poema de Fernando Pessoa musicada por Dori Caymmi