VAGAM MONTANHAS
Nuvens sombrias, surrupio de sol
Asas profusas, confusas
pensamentos vãos.
Vagam montanhas, solidão tamanha,
ofusca o arrebol.
No lusco-fusco da vida que escorre,
escorrem esguelhados, olhos
vidrados, desvirados de sóis.
As visagens abandonam os desvãos
eriçam a epiderme, encrespam o ar,
assombram ação.
Florescem, tristonhas, as reminiscências
E uma lágrima solitária se esgueira
sob o sal inclemente da saudade...
E a inexorabilidade da finitude...
Se faz amplitude...
Marcus Mendonça Danin
A FIM DE FAZER POESIA
E na amplitude de todas as coisas
Sob céus num deserto de tudo,
onde a saliva amarga na boca,
e a fome do amor carcome a alma,
deixando o ser tristonho, mudo...
... Ahh, como não falar de amor,
de toda esta saudade
que enche tudo de vazios
na cegueira ante o beija-flor,
uma pena, uma nesga, vaidade!
E vão-se as águas dos rios,
águas que descem dos olhos
deságuam na boca rubra
marcada por violentos beijos...
Os beijos do amante
ainda dos dias de outrora
... tempo de flora
de abrolhos
e desejos!
Então sob o lume da lua
deixo-me estar no cume da serra
onde o vento sopra com magia
sussurra teu nome,
lembranças desenterra
pra doer até os ossos
a fim de fazer poesia.
Elisa Salles
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