Dueto com FLORBELA ESPANCA
FLORBELA ESPANCA – NEURASTENA
Sinto hoje a alma cheia de tristeza!
Um sino dobra em mim, Ave Marias!
Lá fora, a chuva, brancas mãos esguias,
Faz na vidraça rendas de Veneza…
O vento desgrenhado, chora e reza
Por alma dos que estão nas agonias!
E flocos de neve, aves brancas, frias,
Batem as azas pela Natureza…
Chuva… tenho tristeza! Mas porquê?!
Vento… tenho saudades! Mas de quê?!
Ó neve que destino triste o nosso!
Ó chuva! Ó vento! Ó neve! Que tortura!
Gritem ao mundo inteiro esta amargura,
Digam isto que sinto que eu não posso!!…
FLORBELA ESPANCA
Desenho no vidro da janela
Todo afeto que não me alcança
Vejo aves brancas , elas choram por mim
percebem minha angústia, mas nada podem fazer...
Amo a chuva, como a amo
Mas até diante dela, choro sem fim
Não! Ninguém entende a dor dilacerante
E o vento , é ele que tenta levar embora isso de mim...
Oh Florbela! Mesmo em silêncio, gritaste toda tua dor
Como sofreste querida alma...
Mesmo assim, escreves tuas amarguras tão doces;
Muito tenho de ti, sei do que falas...
Não tiveste tempo para harmonizar tua alma torturada
E na tua época não entendiam tão imenso sofrer
Mas te asseguro, ainda hoje, Raras as pessoas que nos entendem!!