PS: Nunca uma poesia  me descreveu tão bem! Essa eu queria ter escrito hoje .  Não a toa eu me inspiro nela, a insigne Florbela. Eis a minha alma despida. 


FRÉMITO DO MEU CORPO A PROCURAR-TE / FLORBELA 


Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doído anseio dos meus braços a abraçar-te,

Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!

E vejo-te tão longe! Sinto tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que não me amas...

E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas...

~~Florbela Espanca~~




EM ÂNSIAS FUI PROCURAR-TE / ERIVAS 


Hoje, em ansiedades, fui procurar-te, 
As minhas mãos num frenesi, vagou ao léu 
Queria te percorrer, sentir teu céu, 
Anseio louco, minh'alma  a  desejar-te. 

Te busquei no meu inferno, em toda parte; 
Queria adocicar o meu  amargo fel;
Minha  fome e sede tornou-se tão cruel, 
Nesse mundo não há nada que me farte! 

Estás tão distante, nem senti a tua alma 
Ouvi o vento a me dizer: "se acalma, 
Não perca o seu tempo, ele não te ama..."

Assim, meu coração em transe e dolente, 
Fez brotar d'alma lágrimas em torrente, 
O meu purgatório se fez mar em chama... 

**** Erivaslucena****


 
Erivaslucena
Enviado por Erivaslucena em 04/10/2023
Reeditado em 05/10/2023
Código do texto: T7901246
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