INVERNO MEU e EXÍLIO
INVERNO MEU e EXÍLIO
Sandra Ravanini e José Carlos Lopes
Madrugadas que me acolhem negrejantes,
nos instantes que enriquecem minha pele,
acalorando o brilhar feito o diamante
de seu olhar; inverno meu, nas chuvas dele.
Inverno seu, sereno orvalhando a sede,
vigílias ao luzir de um semblante,
acompanha a rastreação que impele
fugaz olhar navegando brilhantes.
Festa que me despe de carinhos posto cio,
em mais loucuras sinto o beijo das brumas,
e caio nula, em plenitude me esvaio em rios,
pois já me encontro no calor de suas dunas.
Adocicado licor invadindo lacunas,
a sanha em sonho de um pincel... o delírio,
lábios marejados no esplendor que aluna
às noites recontadas do meu exílio.
Agasalhada na areia que desse meu inverno
traz a agonia que suaviza se deita em calma,
que de mim faz ser o prazer, talvez eterno...
se lhe entrego a flor de lírio e sorvo a alva.
Inverno seu, sugerindo um quê de alma
à descrente vaga de um rumo incerto;
real seja a fragrância que me acalma,
flor cativa das manhãs em reverso.
Londres, 16/novembro/2007