Por que persiste, incessante espelho?
Por que repete-se, misterioso irmão,
o menor movimento de minha mão?
És o outro eu sobre o que fala o grego.
E desde sempre espreitas [...]
( Jorge Luis Borges )
Você que é reflexo ,
Repetidor dos meus
movimentos...
Envelhece comigo.
Embaça a minha visão,
Desalinha meus cabelos,
não sorrir.
É o meu outro eu,
Vertido uma lágrima,
Enganador...
Pura ilusão.
Desfaz minha imagem
Cega e taciturno,
Poucas palavras,
Aliais nao repete minha voz...
minha historia,
mudo...
Espelho trincado,
Me faz em pedaços ,
a minha realidade.
Quando sozinha, percebo,
na imagem disforme,
este eu desconhecido.
E morta, simplesmente,
Irá refletir outra imagem.
Sortuno e desleal,
Oh ser melancólico!
Objeto adverso.
Vertiginosamente, te calo,
te amparo na minha imagem distorcida,
abstrata...
Minha imagem ainda
reflete na face, minha e tua, desde sempre,
meu irmão!
Ana Lago de Luz
ESPELHO DO TEMPO
Ao olharmos para traz,
Nos vemos em cada plano.
E se tivermos em paz,
Nos veremos encarnando,
Cada fase do caminho,
Descrito nos pergaminhos,
Sabendo que tanto faz,
E que por tudo passando,
Ao olharmos para traz,
Nos vemos em cada plano.
(Reedição)
Jaco Filho