Em agosto de 2006, recebi este poema atravé do outlook:
Eis o que o poeta escreveu:
Não me mostres o teu lado feliz
A luz do teu rosto quando sorris
Faz-me crer que tudo em ti é risonho
Como se viesses do fundo de um sonho
Não me abras assim o teu mundo
O teu lado solar só dura um segundo
Não e por ele que te quero amar
Embora seja ele que me esteja a enganar
Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser para ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar
Desvenda-me o teu lado malsão
O túnel secreto a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e ruinas de amor
Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
à prova de bala à prova de tudo
Mostra-me o avesso da tua alma
Conhecê-lo e tudo o que eu preciso
Para poder gostar mais dessa luz falsa
Que ilumina as arcadas do teu sorriso
Não é por ela que te quero amar
Embora seja ela que me vai enganar
Se mostrares agora o teu lado lunar
Mesmo às escuras eu não vou reclamar
Então inspirei-me na poesia e escrevi-lhe:
O avesso da Alma
Há sim, um lado lunar
Esqueça da Lua Cheia ou Crescente
Nem pense que é Minguante
Não há como errar – é Nova!
A lua que só aparece pra gente
Com ajuda da imaginação.
Ali não há luz nem brilho
Nem se compara com a beleza
Das badaladas noites de Lua Cheia
Mas é lá que o ciclo começa
Mostrando-nos com firmeza
Que tudo tem direito e avesso.
Tens razão
O lado direito te mostro de pronto
É belo, macio, cheiroso, colorido
O avesso? Ah! Escondo o quanto posso
Tem coisas que nem te conto...
Pra que penses que sou santa
E me ergas um altar.
Então ficarás a me admirar
E eu lá do alto a te desejar...
Sandra Fayad Bsb
15 ago 2006