Sonolentas preces
Sussurrava sonolentas preces
Tinha nos joelhos incuráveis cortes
Dos estilhaços da própria crença
Sangrava o beijo amargo à própria morte
Nas mãos a amálgama dos versículos
A obscura forma do desespero
"Livrai-nos do mal amém"
O reflexo do escarro alheio
Vil obscurantismo, fé degradante
As mãos acinzentadas, uma benção
Gritava “Jesus Voltando” para o nada
Mirava o infinito, na certeza da salvação
Rasgos na carne, a dor do cilício
Uma entrega, sacrifício bizarro
Simão Cirineu levando a cruz do Salvador
Mas, levava apenas o alheio escarro