Esperas...
A vida é uma longa espera
Em todo tempo ou espaço
O sempre espera acontecer
Que o nunca possa acabar
O dia acorda para fluir
A noite vem para levá-lo dormir
A chuva desce ao trazer esperança
Saciada a espera da terra seca.
Vidas embrionárias no ventre
Esperam num mundo diferente
Amor... paz...saúde ...liberdade
E Igualdade! Como todos esperam...
Como o romper
Dos ovos das tartarugas, das aves, das serpentes...
Tudo é espera!
Quando o amor vai chegar?
Ele demora? A paixão vai acabar?
E se a solidão não for embora?
Espera-se
O choro secar... a lágrima não rolar
O riso encabulado pendurado nos lábios
O vôo da águia e da presa
Numa caça em pleno ar...
Mãos que aconchegam... esperam!
O sangue divertido a correr pelas veias
A ansiedade por um olhar que passeia
Esperando o sonho amanhecer...
À espera daquele cafuné
Por um abraço demorado
Pelo beijo molhado esperado
Trazido pelo amor ao florescer...
O corpo anuncia o gozo
Mansinho ou barulhento
Em festa ou num lamento
Se o encontro não ocorrer...
Na rede ...o balanço
À espera do descanso
O óbvio tão casual
Espera pelas reticências...sem o ponto final.
A voz presa na garganta
Espera pelo grito abafado que agiganta
Revolta real do ontem consumado
Entre as loucuras sábias ou ligeiras
Para fecundar um poema...
Verdades ou mentiras esperam
Ao dissolver o coágulo da emoção
Na transfusão dos sentimentos...
Na neutralidade relativa da vida
Espera-se o momento de chegar...ficar...partir
O fruto vingar...
No rosto as rugas parir...
Espera sempre!
A muda florir...a folha cair
O beija-flor...a abelha...o mel.
O tudo ou nada aparecer...
As buscas...as alegrias...
Espera-se
A linguagem pedindo passagem.
As pegadas na areia...os mistérios.
Alma plena de felicidade.
A resolução dos grilos...
Na convenção das angústias...das frustrações.
Espera-se dissecar os teoremas.
Ao encontrar a chave dos problemas
Escondida pela vontade dos Deuses...
O mundo espera ao se esperar
Pela espera do inesperado
Que ele seja um só para todo mundo...
E nessa espera mergulhada a fundo
Esperamos saber se somos só loucos.
Se estamos aqui só para esperar
Pelos muitos que tem tão pouco...
Ou pelos poucos que possuem tanto.
Enise/Hildebrando
Veja o poema em vídeo
http://br.youtube.com/watch?v=GW8n67m-YKA