Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
Manuel Bandeira
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Latim vulgar
São muito poucas rimas de "palavra".
Achei apenas três. É muito pouco!
Virei a língua mãe, tal como louco,
E só achei a minha própria lavra.
Não sou homem de letras e, tampouco
Nasci com vocação pra literato.
Pudesse, eu ficaria pelo mato,
A me fazer de cego, mudo e mouco.
Mas resolvi fazer neologismo!
De tanto que olhei para o abismo,
O abismo olhou dentro de mim.
Enfim, ao ver que Nietzsche anda calado,
Introduzi no meu palavreado:
Scribo in português, lego in latim.
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TIMA FLOR DO LÁCIO... (grato pelo privilégio Solano)
Solano Brum
Logo em latim? Porque não da Pátria amada,
Já que vivemos nesse Bra – sil – sil...zão?
Eu estudei pouco na Gramática afamada
Mas não transformo um vocábulo num palavrão!
E vem um louco pra vender o que encalhou,
Com uma frase que ilude a muita gente:
“Black Friday” que a “mídia” importou
E todos falam e não sabem corretamente!
Já reduziram o Vossa Mercê para “você”,
E atualmente trocam o “nós” por um “tu”
Assassinando o vernáculo, não sei porquê!
Ah! Voltássemos a Vinte e Um de Abril...
No dia em que tomaram a terra do índio nu,
Pra hoje, quem sabe, falar correto nesse Brasil!