Sem propósito 


              Sem propósito
Se a lua me desse a luz,apenas // noites claras, amenas
Se o sol para sempre me levasse // eternamente guardasse
Talvez visse estrelas sós, pequenas // junto à Vênus, serenas
Transcendendo o vácuo de todo vil impasse // perpetuando o enlace

Se a lua me desse abrigo eterno // o instinto materno
Se o sol eternamente nos sorrisse, // em explendor surgisse
Talvez não houvesse todo esse inverno // amainando o inferno
De humana sina em tanta idiotice // à fatalidade, meiguice...

Mas como sou, de fato, simplesmente nada, // Desvairado ser em longa caminhada
Tudo se perde nos versos de labirintos sós // pedras no caminho e nós
No ardor da fé, em qualquer estrada... // em busca de tudo  e do nada...

E como lua e sol são sempre e apenas faces // No infinito abortassem
De uma mesma angústia perdida em nós, // o malefício atroz
Talvez o sonho perca a voz em tantos vis impasses // e no transmudar afetos,enlaces

Juliana Valis // Maurélio Machado