Confidências-Pe. Antônio Tomás &Maria Thereza Neves

Confidências

Pe. Antônio Tomás

Eu fui contar, chorando, as minhas penas

Ao velho mar; e as ondas buliçosas,

Julgando que eu diria essas pequenas

Mágoas comuns ou queixas amorosas,

Não quiseram cessar as cantilenas

Que entoavam nas praias arenosas

Mas, pouco a pouco, imóveis e serenas,

Quedaram todas, por me ouvir ansiosas.

E concluída a narração de tudo,

Mostrou-se o mar (pois nunca tinha ouvido

História igual) sombrio e carrancudo.

Depois, rolando as gemedoras águas,

Pôs-se a chorar também compadecido

Das minhas fundas, dolorosas mágoas.

&

Confidências

Maria Thereza Neves

Tentei ,tentei , nem lágrimas ele juntou

Fiquei a escorrer mares, mares de mim

Sem importar quem me sangrou

Fugiram, fingiram nada ver até o fim.

Até as praias nervosas desertaram

As areias cospiam -me nos olhos

Não cantaram nem serenaram

Minhas angustias estendida nos galhos.

Aos meus tormentos, lamentos

Quedaram atenciosas, pacientes

Aos tumultuosos, tristes momentos.

Arredondaram, alargaram abraços em ondas

Chorando, unindo como um único mar

Consolando ,adoçando ondas sobre ondas.

30/11/07

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 30/11/2007
Reeditado em 30/11/2007
Código do texto: T759487