Um piano ENTRE A GUERRA E A PAZ

Um piano, entre a guerra e a paz,

Entre guerreiros fardados, humanos

Fadados a matar ou morrer na sanha da guerra

Semeando na terra destruição e morte.

Mudando a sorte de outros irmãos

Trincheiras, arma na mão que não erra

O alvo desarmado, feito bicho, feito caça,

Feito lixo, feito massa,

Estirados nas vias cruéis da ambição:

Um caminho de sangue e corpos no chão

E o cheiro de morte resvalando no ar...

Quem é este que toca as teclas do destino

Neste grande funeral a céu aberto

No piano abandonado nos escombros do desamor

Soa a marcha fúnebre

Aos ouvidos surdos pelas bombas?

Quem produz a harmonia da desarmonia da humanidade

Quando a ganância torna os homens inimigos

E faz a vida sem valor?

A guerra traz ao peito saudades de um sonho de paz

As mãos banhadas do sangue, ao piano

Nos escombros, vibrando Chopin

Ecoam notas de solidão e dor...

Nina Costa, 08/08/2022.

Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.

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Eram apenas homens fardados com olhos de violência.

Que quando iam à luta esqueciam de sua infância... E Eu:

Mercenário se dor nem piedade,

Alinhado a apenas abater sem questionar a verdade,

Atirador de mãos cheias, manipulado pelo terror das épocas.

Desesperados. Cercados. Acossados.

O meu casquete se encontrava em frente de todas as trincheiras.

Minha fama fazia adversários morressem de medo muito antes da bala.

E desta também não foi diferente ao tirar armas da mala.

Regava naquela base e em meio quarto de tempo eram corpos deitados na lama.

Pra mim não eram homens nem pais. Mas sim assassinos de um país.

Cantava aleluia a cada missão.

Só não sabia que esta seria em vão.

Esta seria a última...

A frescura chegou. O sol brilhou.

Quando entrei na caverna encontrei apenas o piano.

Afinal entre muitos que se foram, eu era o nono.

Quando deixei o primeiro toque.

Um ferido acordou afirmando e dando no meu pé um toque:

_ Mataste-lo pelo teu trabalho, mas nesse piano, tocou-se canções de paz nas noites de lua cheia lembrando seus filhos e família que ficaram para traz!

Fuzilaste-o, mas nesse piano estão lembranças de filhos e tempos de infância,

Além das fardas... éramos homens com sentimentos e choros...

Após este enredo, fechou os olhos e morreu...

Belcio Mahoho, 08/08/2022.

Quelimane, Mocanbique, África.

Nina Costa e Belcio Mahoho
Enviado por Nina Costa em 09/08/2022
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