O MENDIGO E DRUMMOND

No meio do caminho,

Eu te encontrei.

E tu não era uma pedra,

Não era um bicho.

Era um homem como eu

Sentado num banco de praça,

Parado... Vendo o tempo passar.

Seu Carlos, como tu, eu tenho duas mãos!

Eu sinto as dores do mundo,

Eu sinto frio, fome.

Me sinto como o anjo torto que te amaldiçoou o nascimento

Arrependido, no meu tormento,

Caído.

Vivo na pele as ranhuras da ausência de tudo

E qual a tua, ninguém rouba ela de mim.

Ela me consome,

Se apodera do meu vazio

E me enche de solidão.

E, "ainda que mal pergunte", "que mal responda", ...

Qualquer coisa que eu diga

No teu silêncio, tu me entende.

Depois de tantos combates

Deixa eu (pobre diabo) achar que sou bom,

E descansar no teu ombro, meu cansaço.

Quem sabe até confundindo realidade com poesia

Minha miséria com seus versos

Eu peço um cigarro,

E tu, por trás do óculos, com o isqueiro na mão

__ E agora José?

Nina Costa, 02/08/2022.

Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.

*****X*****

"Braços nos braços.

Traços aos pedaços.

Cacos migalhas exclusão.

Ausente o pão de cada dia.

A fome real... Poesia visão.

Quinteto de um País.

Lição de giz apagada.

Quarteto da Pátria amada.

Terceto do Poder sem solução.

Dueto Literário. Nós e Drummond.

- E a miséria? - Ao Deus dará!

Copacabana Litoral ou quem

sabe lá no Sertão de Cuiabá.

A mesma barriga vazia acolá.

- E, o mendigo? - Blá-blá-blá...".

Airton Reis. 02/08/2022.

Cuiabá, Mato Grosso, Brasil.

Nina Costa e Airton Reis
Enviado por Nina Costa em 02/08/2022
Código do texto: T7573623
Classificação de conteúdo: seguro