Vadia
Essa mulher que ora perambula
Pelas ruas, nos bares, nas calçadas...
De vestidos e saias levantadas,
Ao olhar que desnuda e encabula.
Mulher moça de roupa decotada,
De andar rebolado e displicente,
Incapaz de mostrar a dor que sente
E esconder os trejeitos de coitada.
Essa moça que o ventre acaricia,
Que se vende em pedaço à freguesia,
Pelo preço vigente, a qualquer hora...
Para uns é somente uma vadia.
Uma vil e vulgar mercadoria,
Mas que sente, e deseja, e ri, e chora.
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Agradeço ao poeta Jota Garcia a delicadeza de compartilhar comigo o seu talento.
INUMANA MÁQUINA
Jota Garcia
Tudo que é mau, feio e impuro,
Que carregado de tabus e segredo,
Causa ojeriza, nojo ou medo,
Quase sempre floresce no escuro.
É neste clima de reprovação
Que vive e labora a prostituta,
Onde cria, promove e executa
Os encargos de sua profissão.
Para muitos desconhece o amor.
Inumana máquina de prazer,
Imune aos sentimentos e à dor.
Mas bem no fundo de seus corações,
e encontram todas as emoções
Que dos outros vivem a esconder.