Tango da Lamparina
Tango da Lamparina
Sonhei com ela,
Ela eu quero,
Me desespera,
E eu espero…
Quem dera eu,
A beleza que vejo,
Tornar somente meu,
Apenas num desejo,
Agrado o bule de café,
Que lamento me vai servir,
Algo desafia minha fé,
Tenso o que está por vir:
Sai dele um vapor,
Um ser para realizar,
Surpresa e pavor,
Desejos, deseja dar.
Gênio:
-Três desejos tem agora.
Eu:
-Para evitar errar,
No primeiro sem demora,
Desejo poder mais desejar…
Gênio:
-Querer,
Nem sempre é poder,
Poder nem sempre o que quer,
Uma mulher;
Se fosse assim,
Essa moça dengosa,
Roubava só pra mim,
Soltava do dente a rosa.
Eu:
-Livre,
apenas pra pensar,
Já não para falar.
Nem desejou,
Tampouco conseguiu,
Menos preso estou…
O gênio então sorriu:
-Já fui liberto,
Mas essa ilusão,
De pensar estar perto,
Estando em solidão,
Não desejo nem a mim,
Pois por morrer,
Somente assim,
Vale a pena viver.
-Eu troco contigo,
De lugar,
Meu gênio amigo,
Pode assim então andar,
Caminhando para o fim,
Venha a mim!
-Pois digo não,
Não vou te condenar,
A vagar,
Nessa solidão,
De apenas realizar,
Sem nunca desejar.
Eu digo:
-Então não entendo,
Seu lamento,
Se eu já pretendo,
Te livrar de seu tormento.
-Outrora troquei,
Eu era homem como tu é,
Gênio ser eu desejei,
Num bule de café,
Ele aceitou,
Na morte ainda sorria,
Nem mesmo no fim pensou,
Voltar para o que vivia.
-Pois realize, quero seu lugar!
-Não terá volta terá que aceitar…
-Feito!
É tão perfeito,
O que se realizou,
Eu virei gênio,
Ele homem se tornou,
Gênio:
-Então se cale,
Agora o pedido será meu!
-Então me fale!
-Seja homem como eu!
Pois também,
Assim o gênio libertado,
Libertou o homem,
Que ficou zangado:
-O que tu fez?!
-Libertei nós dois!
-Era minha vez!
-Me agradecerá depois!
E na areia,
Um tango a dançar,
Um o golpeia,
O outro a golpear.
E na frente,
Do bule de café,
No momento presente,
O homem mostra o que é.
E claro,
Culpa foi de uma mulher.