Ecos II

Quisera entender a linguagem dos ecos

Que batem tão forte como mãos que colidem com a face, dando alguma vida a inércia dos dias...quisera eu conhecer a verdadeira face daquilo que aturde, que nunca se contenta, que nunca supre,

São nada mais que  ecos, meu fiel companheiro das horas amorfas, que minhas impetuosas mãos desnudam, expondo versos desconexos, acordando o caos, fazendo a alma transbordar todo o mofo estagnado, dando algum tom, alguma cor aos sentimentos cinza opaco que produzem ecos em meus vazios repletos de espaço...

...um turbilhão me comprime, efusão de palavras que vão escoando pelas mãos, turvando minha visão, levando-me ao desconhecido, tirando-me do chão...já não respondo pelas minhas emoções, não as entendo, elas preenchem o etério, elas voam livres sem nenhum esforço para serem compreendidas, os versos se amotinam, degladiando-se no peito, emitindo ruídos, inaudíveis...quisera entender todos esses ecos...

Minha alma traz ecos imensos e infindáveis

Ressoando em cada átomo do ser

É preciso sentir sua melodia

Como palavras que atordoadas se esbarram.

Gritos mudos dentro do peito

Sem saber como sair

Em espaços que colhem meus silêncios

Espalham pelas paredes cada choro contido

Ahh … Tantas vezes eu não quero escrever

Mas há gritos ,vozes que ecoam sem parar, chamando por mim

Desvendam caminhos nos labirintos da alma.

Percorrem cada abismo de mim

Encontram o céu e deságuam no mar

Descem até a profundidade da

areia que morre dentro da concha

E nasce pérola depois da dor .