BRAÇOS-Cruz e Sousa & Maria Thereza Neves

BRAÇOS

Cruz e Sousa

Braços nervosos, brancas opulências,

Brumais brancuras, fulgidas brancuras,

Alvuras castas, virginais alvuras,

Lactescências das raras lactescências.

As fascinantes, mórbidas dormências

Dos teus abraços de letais flexuras,

Produzem sensações de agres torturas,

Dos desejos as mornas florescências.

Braços nervosos, tentadoras serpes

Que prendem, tetanizam como os herpes,

Dos delírios na trêmula coorte...

Pompa de carnes tépidas e flóreas,

Braços de estranhas correções marmóreas,

Abertos para o Amor e para a Morte!

&

BRAÇOS

Maria Thereza Neves

Abraços lentos de braços sequiosos

Nas sombras do carinho, da ternura.

Vontades , desejos amorosos ,

Tão longe, tão perto a candura .

Latentes veias no sangue vibrando,

Amortecendo nas peles a tortura ,

Espantando vendavais, ventos brandos ,

Em mergulho na sofreguidão e loucura.

Braços quente, suaves, abrasadores ,

Que traduzem clamores em delírios

Nas madrugadas , noite de amores.

No encontro real das almas-carnes

A entrega das entranhas em fogo

Ao amor, como sempre, como antes.

01/11/07

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 01/11/2007
Código do texto: T718792