BOLERO DAS ÁGUAS -Anibal Beça /Maria Thereza Neves
BOLERO DAS ÁGUAS
Anibal Beça
O passo no compasso dois por quatro
acode meu suplício de afogado
afastando de mim sedento cálice
em submerso bolero de águas tantas.
A sede dança seca na garganta
curtindo signos, fala ressequida
para a língua de couro, lixa tântala,
alisando palavras rebuçadas.
Quanto alfenim no alfanje que se enfeita
para montar as ancas de égua moura.
Lábia flamenca lambe leve as oiças,
é rito muezim ditando a dança:
no dois pra cá me levo em dois pra lá,
nas águas do regaço vou-me e lavo-me.
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BOLERO DAS ÁGUAS
Maria Thereza Neves
No compasso das tuas suaves ondas ,
Afogo lembranças no ritmo dos boleros ,
Esqueço meus passos por onde andas
Sonhando letras , sonetos meros .
A dança , a sede vai evoluindo ,
Avançando braços e abraços ,
Enquanto a sombra vai sumindo ,
Apagando o sufoco sem laços .
Nada se perde do novo momento ,
Quando vais chegando mais perto,
Criando a fantasia no tempo lento .
O rito se faz perfeito, se faz doce amor ,
No dois pra lá, pra cá nas águas tontas,
Escorrendo do poros todo o ardor.
24/10/07
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