Amores com cicuta...(Ledalge & Miguel)

Ledalge...

De que me vale um amor insano

Daqueles que me molham os lábios

Dizendo-me palavras levianas

Com méis que somente me assaltam

De que me vale irradiar meu ardor

Se das camas que durmo a carência me revolta

Então vadio, roço meu corpo à porta

Como querendo beber-te em profano

Ato de amor dos desesperados

Daqueles que vêem o céu dos desenganos

E morrem todo dia sem as vastas

Manias que lhe querem dar valor

Meu beijo é o gosto da morte ingrata

Meu beijo arrota paz e mata sem dó

Miguel...

De que me vale amores e entusiasmos

se vivemos de um vasto pleonasmo

Que me retrate uma emoção e

figure em mim uma grande paixão

Se em ti cicuta a indiferença que me

foges a razão maltratando meu coração

De que me vale exaurir do teu constipado

calor se meus desejos ao teu lado não

causam-lhe mais nenhum furor

Atônito, entrego-te minha emoção

provando da mentira inerente que te

absorve sem nenhuma aparente razão

pequenos surtos esporádicos do teu ser

despidos vorazmente pelo teu insano querer...