A MAGNITUDE DO OURO
Ouro metal precioso, brilho e beleza na cor,
raridade da natureza na terra em pepitas ou grãos,
na profundeza dos oceanos também há seu fulgor,
produção íntima e prazerosa em mãos de artesãos.
Há milênios, valioso elemento pelo homem descoberto
os sarcófagos das múmias dos faraós do Egito,
exibem incríveis imagens com dourado recobertos:
barcos sagrados de ouro maciço, um politeísta rito.
Irrefutavelmente útil e naturalmente maleável
transformado em lâminas excelente condutor de calor,
as joias preciosas, pois é quimicamente estável,
são fabricadas com esmero, regalo aos olhos do comprador.
Uma aventura épica há quarenta anos em solo íntimo,
um garimpo ao ar livre à procura dessa preciosidade,
em uma década rendeu toneladas e agora nem ínfimo,
restou uma profunda cratera por mercúrio contaminada.
O metal passa a ser poético quando entra nos campos,
luminoso ouro dos girassóis, que adormece ao toque da lua,
— para despertar em fogo derretido pelo livre tempo,
quando o dia ascende com olhos vermelhos e alma nua.
(Verdana Verdannis)
Não se pode expressar em pobres versos
o esplendor do metal mais cobiçado
que no tempo foi sempre acumulado
pelos homens mais nobres ou perversos.
Quem tem ouro será sempre benquisto,
bajulado pela sonsa freguesia
e cooptado pela alta burguesia
que estimava o famoso Montecristo).
Cada canto do planeta foi explorado
da floresta até o árido deserto
e a esperança deixava boquiaberto
quem zarpava em busca do Eldorado.
Tempestades afundaram galeões
carregados com lingotes cintilantes
que perdidos pelos ásperos meliantes...
são recreio pros débeis camarões.
E de Klimt as telas deslumbrantes
são do ouro a perfeita apoteose:
com as cores em magnífica simbiose
glorificam o triunfo dos amantes. [*]
( Richard Foxe)
[*] Alusão ao quadro "O Beijo" realizado pelo pintor simbolista austríaco Gustav Klimt em 1907, no qual o artista utilizou tintas e ouro. "O Beijo" é tido como um dos quadros mais valiosos do mundo.