Paixão e Frenesi
Estar apaixonado
É fazer a mesa
Do café da manhã
Na cama desfeita,
Jogar edredom para o chão
E os travesseiros para o lado,
As almas nuas como os corpos;
E rir de quaisquer bobeiras...
Fazer biquinhos...
Lamber a ponta dos dedos
Dela cheios de margarina
E oferecer meio biscoito.
É aceitar o restinho
Do café nos lábios
Que se enfeitam com
Um sorriso de soltar borboletas.
E demorar beijando, se entregar
na busca pela pele eriçada que se roçam,
Se tocam e se afogueiam,
Sem perder o olho no olho.
Desejos urgentes quentes,
Feito labaredas que explodem
Silenciosas e ardentes,
Colocando os corpos a bailar.
Nesse frenesi da paixão,
O momento do café
Se estende até à tarde,
Com promessas da noite chegar.
E o dia vai levando embora,
A hora que não espera
O mundo que acontece
O tempo todo lá fora...