Dueto com a grande poetisa Florbela
Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou! Florbela Espanca
Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas
Eu
Sou apenas alguém desencontrada
Que no fundo não soube amar
nem foi amada
Que fez sofrer quem não merecia
E sofre até hoje por ser esquecida...
Jamais fui santa, nem casta, acredite
Tentei ser o melhor de tudo que conhecia
Porém a vida pregou tantas peças
Que desisti de encontrar alguém um ser para amar
Ninguém me vê, ninguém entende
Porém o que passei foi duro e desconhecem
O amor não bateu-me a porta, sei bem disso
E hoje ando sem ilusão, apenas sigo meu caminho! Isabel Cardoso