Ah! Os Relógios -Mário Quintana & Maria Thereza Neves

Ah! Os Relógios

Mário Quintana

Amigos, não consultem os relógios

quando um dia eu me for de vossas vidas

em seus fúteis problemas tão perdidas

que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:

não o conhece a vida - a verdadeira -

em que basta um momento de poesia

para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna

somente por si mesma é dividida:

não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados

quando alguém - ao voltar a si da vida -

acaso lhes indaga que horas são...

&

Ah! Os Relógios

Maria Thereza Neves

Não, não consultem por favor,

Vou esquecendo as horas perdidas ,

Seguindo meu destino, seja ele onde for,

Acordando sonhos, recordações vividas.

O tempo andou morrendo apressado .

Saio de mim esquecida na poesia .

Não apaguem o momento passado

São diários passos do dia a dia.

Nada tenho a temer, parto inteira,

Sem tristezas, sem cronômetros ,

Nova vida a viver mesmo nas beiras.

O espanto dos calados,surdos relógios ,

Abrem sorrisos nas estrelas , na lua ,

E das portas sem mais pedágios !

24/09/07

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 25/09/2007
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