AS ÁGUAS TERMINAIS
Camanducaia/MG – 7 de julho de 2000 – 19:50:16
AS ÁGUAS TERMINAIS
Marcelo Guido & Danilo Vasconcelos
Choveu forte
Foi-se a luz
E meu mundo, então, parou...
Perante um candelabro
Um cauteloso vovô
Fez sombras
Em sua vã tentativa de acalmar
Seus netos que, inconsoláveis, choravam...
... Era cedo ou era tarde?
Sei lá! Não me recordo ao correto
E isso já não me importa, nada interessa...
Pois, tal qual se iniciou
Findou
E, impotente, nada fiz
Apenas choveu
... Muito forte.
... Estávamos, meu amor e eu, sentados
Molhados e abraçados
E, então, no repente, fui deslocado ao longe
Para, atônito, presenciar o raio que se lançou
Quando pude ouvir seu derradeiro: "Meu amor!”.
E seu silêncio, imediato, se eternizou...
Chorei
Choveu forte...
Busquei-a
Juro!
E nunca mais encontrei em mim
O exato local
Para que a Velha Senhora, fulminante, me fuzilasse também...
Chove forte agora
Vago por desérticas ruas
Não me molhando as águas
Apenas purificando a alma
Mas que não impedem os pesadelos
Quando, desolado, na solidão, clamo por meu extinto amor...
Chove muito mais forte
E as recordações daquela data final convertem-se em tormento eterno
Que me extrai a razão
A própria sobrevivência...
Assim, derrotado, permaneço na chuva almejando o sofrimento
Para o aguardo do momento do benquisto perecer
Que, um dia, meu amor, outra vez, novamente poderei rever...