AGONIA FATAL
Camanducaia/MG – 23 de agosto de 1998 – 11:59:03
AGONIA FATAL
Marcelo Guido & Kléber Rosa
... Com um simples olhar, iniciou-se a obsessão em possuí-la:
Você tremia e meu coração também disparou...
Solicitei-lhe, então, um beijo que não me foi negado
E, no decorrer das datas, descobrimo-nos...
Nossos momentos tornaram-se curtos e lindos
Víamos um céu azul, tudo estava perfeito...
Nasceu, assim, o fruto do nosso amor
Mas eu já perecia sem ao menos notar...
... Aproximei-me de um envelope
E, ao tocá-lo, fragmentos do meu corpo se espalharam
Fixando-se, minúsculos, em cada canto...
A dor atingiu seus máximos limites
E a alma gritou consumida por labaredas da agonia final...
... Uniram meus restos mortais e cobriram-nos com brancos lençóis
E, logo após, estava numa mórbida urna de madeira
Sobre uma glacial mesa de mármore
Onde havia velas que iluminavam as lágrimas do meu extinto existir...
Vi meus amigos chorando
E meu pai sendo consolado...
Minha mãe, transtornada, alisava o ar sem nada dizer
E eu, impotente, não pude lhe afirmar: “Mamãe, amo você!”
Em seguida, a urna mortuária foi lacrada
E ocorreu meu sepultamento, onde carreguei comigo todo nosso amor...
A mensagem que me liquidou continha uma bomba
Fabricada com a crueldade de sua esnobe indecisão
E com a ignorância dos seus ímpetos sentimentos
Que, sinistra, fulminou a púrpura voz da singela flor das minhas canções...