O Adeus das Virgens

No claror dos tristes círios,

Por alvuras revestidas,

Repousavam dos martírios,

— Quatro musas falecidas!

Tendo as bocas enfeitadas

Nas delícias do carmim.

Encontravam-se deitadas

Como estátuas de marfim.

Os semblantes em palores,

De miríficas feições;

As cabeças dentre as flores

Recostadas nos caixões.

Muitas rendas costuradas

Pelas mãos de doces freiras;

Sobre os seios, colocadas,

P'ro futuro das caveiras.

Virginais e imaculadas,

Claras mãos em tons de luz;

Numa prece sufragadas,

Em mortais formas de cruz.

Tendo os olhos tão fechados

E pintados por cor forte,

Lindamente maquiados

Pelo branco tom da morte.

No esplendor em que se viam

Repousavam lado a lado;

Eram santas que jaziam

Ante a cruz do altar sagrado!

Quatro faces comovidas;

Quatro túmulos joviais;

— Quatro musas falecidas —,

Quatro adeuses e finais.

Junho de 2014

Derek Castro - 1ª, 3ª, 5ª, 7ª estrofes

Nestório da Santa Cruz - 2ª, 4ª, 6ª, 8ª estrofes

Derek Castro e Nestório da Santa Cruz (Rafael Dalle)
Enviado por A Lira em 30/11/2018
Reeditado em 01/12/2018
Código do texto: T6515600
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