O Adeus das Virgens
No claror dos tristes círios,
Por alvuras revestidas,
Repousavam dos martírios,
— Quatro musas falecidas!
Tendo as bocas enfeitadas
Nas delícias do carmim.
Encontravam-se deitadas
Como estátuas de marfim.
Os semblantes em palores,
De miríficas feições;
As cabeças dentre as flores
Recostadas nos caixões.
Muitas rendas costuradas
Pelas mãos de doces freiras;
Sobre os seios, colocadas,
P'ro futuro das caveiras.
Virginais e imaculadas,
Claras mãos em tons de luz;
Numa prece sufragadas,
Em mortais formas de cruz.
Tendo os olhos tão fechados
E pintados por cor forte,
Lindamente maquiados
Pelo branco tom da morte.
No esplendor em que se viam
Repousavam lado a lado;
Eram santas que jaziam
Ante a cruz do altar sagrado!
Quatro faces comovidas;
Quatro túmulos joviais;
— Quatro musas falecidas —,
Quatro adeuses e finais.
Junho de 2014
Derek Castro - 1ª, 3ª, 5ª, 7ª estrofes
Nestório da Santa Cruz - 2ª, 4ª, 6ª, 8ª estrofes